Prémio Musa 2019

Ensemble MPMP

Clara Alcobia Coelho, direcção

sopranos
Ariana Russo *
Inês Lopes  ¨
Inês Rasquinho  +
Mariana Moldão  *
Raquel Pedra
Sofia David  *

contraltos
Beatriz Cebola
Fátima Nunes
Luísa Mirpuri
Michelle Rollin
Rita Tavares  +
Salomé Monteiro  *

tenores
Frederico Projecto  *
João Pedro Afonso
Jorge Leiria  +
Pedro Rodrigues
Rodrigo Carreto  *
Rui Teixeira

baixos
João Costa
João Fatela  +
Miguel Jesus
Pedro Morgado  *
Pedro Casanova  *
Rui Borras

¨  Solo – poemas sem nome, VI
*  Solos – Silêncio
+ Solos – Tríptico nocturno

Clara Alcobia Coelho

direcção musical

Clara Alcobia Coelho fez os estudos superiores na Escola Superior de Música de Lisboa nas áreas de Formação Musical e Direcção Coral, onde estudou com Vasco Azevedo, e concluiu o mestrado em Direcção Coral em 2010, sob a orientação de Paulo Lourenço. Tem trabalhado regularmente como maestrina na preparação de programas do Coro Gulbenkian, dos quais se destacam L’autre hiver (projecto ENOA de música contemporânea, do compositor Dominique Pauwells), La danse des morts de Honegger, Stabat Mater de Vivaldi, Motetes de Bach e Sonho de uma noite de Verão de Mendelssohn. No Festival “Les Musicalles de Grillon” foi maestrina do Coro de 2006 a 2016. Dirige desde 2010 o Ensemble Lusiovoce. Com agrupamentos da ESML, dirigiu a ópera Paride ed Helena de Gluck no Teatro São Luís, bem como muitos outros concertos e audições de música coral e vocal de câmara. Integra o Coro Gulbenkian desde 1997 e colaborou também com outros agrupamentos, como soprano (Oficium Grupo Vocal, Voces Caelestes, Ensemble MPMP, Studio Contrapuncti). Recentemente tem reforçado actividade na execução de música contemporânea, com várias estreias de compositors portugueses com música para coro e órgão, e direcção da estreia em versão encenada de Hummus, de Zad Moultaka, em Lisboa e em Londres, com a companhia Opera Lab Europe. É docente desde 2001 na Escola Superior de Música de Lisboa e na Academia Nacional Superior de Orquestra.

Hugo Ribeiro

Prémio Musa 2019

Hugo Ribeiro nasceu em Lisboa e licenciou-se em composição na Escola Superior de Música dessa cidade, tendo prosseguido os seus estudos no Reino Unido, concluindo o mestrado na Royal Academy of Music em Londres em 2007 e doutorando-se pela Canterbury Christ Church University em 2012. Entre os seus trabalhos de maior dimensão destaca-se a composição da ópera Os mortos viajam de metro, estreada no São Luiz em Lisboa em Abril de 2010. A sua música tem sido interpretada por diversos agrupamentos, tais como a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, Le Nouvel Ensemble Moderne, Ensemble Gageego!, Århus Sinfonietta, Quarteto de Cordas de Leipzig, Sond’Ar-Te Electric Ensemble, entre outros. Foi distinguido com o 1.º Prémio na Categoria de Música para Orquestra no 2.º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim (2007), foi o vencedor do concurso Ópera em Criação 2008 e recebeu o 1.º Prémio no concurso International Composer Pyramid (2010). Com a sua obra et sequentes para cravo solo obteve o 1.º Prémio no 2.º Prémio Internacional de Composição Fernando Lopes-Graça 2011. Foi o vencedor da 1.ª edição do Prémio Musa com a obra poemas sem nome para coro misto a cappella, com poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen no âmbito das comemorações do centenário da poeta, promovido conjuntamente pelo Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa e pelo Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, através da Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva.

para Sandra

Estes nove poemas sem nome foram retirados do primeiro livro de Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia, publicado em 1944. Esta peça está dividida em nove andamentos cuja duração individual se assemelha. Os andamentos IV e V, por terem a função de um interlúdio formal central, são mais curtos, tal como o IX andamento, por se tratar de um post scriptum. Os poemas foram organizados de forma a seguir uma lógica temática. Se por um lado, os primeiros quatro andamentos incidem na figura da noite, por outro, a peça desenvolve-se na procura de um nome, perdido na solidão e na morte. O andamento final, apenas para vozes femininas, sugere uma luz de esperança, onde as mãos da poeta nunca “ficam vazias”, sendo este último poema o primeiro do livro Poesia. Em geral, o discurso musical é calmo e despojado, permitindo uma melhor compreensão das palavras, sendo que, apesar do estatismo, houve a intenção de criar andamentos contrastantes do ponto de vista do gesto musical e da harmonia.

Miguel Jesus

Menção Honrosa

Nascido em 1984, iniciou os estudos musicais na Academia de Música de Santa Cecília como aluno de violino. Mais tarde optou pela guitarra, primeiro como autodidacta, depois ingressando na escola do Hot Clube de Portugal. Três anos depois decidiu enveredar pela guitarra clássica estudando na Academia de Amadores de Música, na classe do prof. António Ferreirinho, e posteriormente na Escola Superior de Música de Lisboa, na classe do prof. João Pedro Duarte, onde terminou a licenciatura. Enveredou pela composição durante a passagem pela Escola Superior de Música de Lisboa, participando na Semana da Composição com peças para coro a cappella, o agrupamento para o qual escreveu mais peças. Entre as peças que escreveu destacam-se A criança (2016) para coro e orquestra de arcos, escrita para o 20.º aniversário da associação Ricercare, Por entre o saltério (2017) para coro misto, escrita para o Santuário de Fátima no Centenário das Aparições, Elogio da morte (2019) para quarteto de arcos e soprano, escrita no âmbito do Festival CriaSons, Tríptico nocturno (2019) para coro misto, distinguida com uma menção honrosa no Prémio Musa e Eu sou a tela (2019) para coro misto , obra vencedora do 2.º Concurso Nacional de Composição Manuel Emílio Porto. Foi membro do Chiado Ensemble, quinteto de guitarras formado por alunos da Academia de Amadores de Música, e, como coralista, já integrou grupos como o Coro Gulbenkian, o Officium Ensemble, as Voces Caelestes e o Ensemble MPMP.

Para esta peça, como o título indica, escolhi poemas sobre a noite. Penso que o som aveludado de um coro é especialmente adequado a uma sensação de paz nocturna. Decidi-me desde o início, antes até de começar a escrever, por uma estrutura tripartida, em que a obra mais longa ficasse no centro do ciclo e as outras funcionariam como prólogo e epílogo. O primeiro andamento inicia com solistas em bocca chiusa. Estes introduzem notas extra nos acordes que funcionam como as “miragens” referidas no poema. A escrita é maioritariamente homofónica, com algumas cadências ao estilo renascentista que servem de estabilizadores no meio da divagação harmónica, espelhando a ideia dicotómica do texto de que o luar cria “sombra” e “luz”, “terror e calma”. O segundo andamento foi estruturado a partir das estrofes do poema. O facto de a 2.ª e a 4.ª estrofes começarem com o mesmo verso sugeriu que a mesma música fosse apresentada em ambas, com ligeiras variações. Nessas secções optei por apresentar o texto quase totalmente nas vozes femininas (com especial relevo para as sopranos), assumindo os naipes masculinos uma textura de acompanhamento. Decidi usar o material da 1.ª estrofe também na 6.ª por ambas terem o mesmo número de versos e porque a repetição de música dá um alicerce mais definido à estrutura musical. A linguagem é, mais uma vez, homofónica, para priveligiar a compreensão do texto, com uma singular excepção num momento da 5.ª estrofe, para descrever a “ânsia” a “quebrar-se” e a “cair desfeita”. O terceiro andamento funciona como um epílogo, uma reflexão final, descrevendo a derradeira entrada numa noite de medo aparentemente pacífica. Essa paz é simbolizada pela estabilidade modal, sendo interrompida apenas por uma citação do segundo andamento, que liga o “arvoredo” ao “jardim” do poema anterior.

Gravação | 23 e 24 de Março e 6 e 7 de Abril, Igreja do Convento de São Domingos
Captação, edição e masterização | Tiago Abreu
Produção e assistência musical | Duarte Pereira Martins
Agradecimentos | Centro Cultural de Lagos, Escola Superior de Música de Lisboa, Pe. Fernando Ferreira,
João Pedro Oliveira, Martim Sousa Tavares, Ordem de São Domingos, Pedro Teixeira, Tivoli BBVA
Apoio | Galeria da Biodiversidade (Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto),
Ministério da Cultura / Direcção-geral das Artes