José António Carlos de Seixas nasceu em Coimbra, em 1704. De seu pai, Francisco Vaz, organista da Sé, recebeu provavelmente a primeira instrução musical, vindo a substituí-lo à data da sua morte, em 1718, por decisão do Cabido. Aos 16 anos muda-se para Lisboa, ‘com intento de ser Ecclesiastico’, segundo Barbosa Machado (Bibliotheca Lusitana IV, 1759), principal testemunha da notoriedade que cedo alcançou e que muito lhe haveria de sobreviver. Foi organista da Basilica Patriarcal e o mais eminente mestre de cravo da Lisboa do seu tempo.

Ignora-se a origem do apelido Seixas, sendo mais conhecido em Portugal apenas pelos nomes de baptismo. Na sua música de tecla convivem a antiga tradição ibérica e as mais inovadoras correntes estéticas do início do séc. XVIII, ocupando também a sua obra vocal e orquestral um lugar central na história da música portuguesa.

Seixas obteve em 1738 o hábito de Cavaleiro da Ordem de Cristo, após um longo e difícil processo. Sabemos ainda que casou em 1731 com D. Joana Maria da Silva, de quem teve dois filhos e três filhas. Morreu em Lisboa a 25 de Agosto de 1742, com 38 anos e no auge da actividade criadora. A Bibliotheca Lusitana atribui-lhe setecentas sonatas; o testemunho de José Mazza mais de mil, evidenciando alguma mitificação em torno da sua personalidade. A par destas obras, registam-se missas a 4 e a 8 vozes (subsiste apenas uma a 4), um Te Deum (perdido) a 4 coros, uma Sinfonia, uma Abertura em estilo francês, única na música portuguesa, várias obras sacras de menores dimensões e um concerto para cravo, a par de um segundo de atribuição incerta. | José Carlos Araújo